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sexta-feira, 22 de agosto de 2008


ele checou a torneira do gás , alimentou o cachorro e tirou as pontas dos cinzeiros antes de sair de casa. ritual diário desde que largou tudo e foi morar sozinho.
não era fumante, mas fumava toda vez que ouvia uma música que o deixava feliz, e dessa vez era a música dois de um álbum do satriani.
ele acendeu um cigarro, o mais prazeroso dos últimos tempos, andou rápido, não para fugir, mas para enfrentar a situação.
esse cigarro foi o marco do fim de um ciclo, um fim necessário. pensou que apesar de tudo quando queremos algo, o universo conspira implacavelmente em nosso benefício, e dessa vez sem dúvida não seria diferente.
tudo perfeito, decisão tomada, alma quase lavada.
nenhum medo aparente, só o sentimento de perda de um sofrimento que durou quase uma vida.
nada de arrependimento por ter sofrido intrinsecamente essa dor, porque sempre acreditou que tudo e todos têm o tempo certo, nada de destino, mas canseira da alma mesmo. a sua cansada alma escolheu ser feliz e se libertar de uma tristeza que já tinha deixado de ser relevante e já havia se tornado um adorno emocional.
e ele finalmente voou, e alçou um vôo tão alto que agora não quer mais voltar.
voltar para que se o sentimento de liberdade era o melhor que já havia sentindo durante esse ano de mais fracassos do que vitórias, mas o ano começou agora.
parou num boteco , abriu uma cerveja e comemorou a sua vitória pessoal sozinho, apesar de rodeado de amigos. agora ele era um homem livre e pronto para recomeçar o que quer que fosse , seu livre- arbítrio que a muito não o obedecia , estava mais randômico que nunca. e era assim que ele preferia.
ele sabia que dessa vez a sua felicidade duraria mais que o tempo de fumar esse cigarro e ultrapassaria todos os acordes de joe.