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segunda-feira, 17 de novembro de 2008


tudo parecia não ter mais jeito, o tédio ocupava todos os cômodos da casa, a incerteza já dividia espaço com os casacos mantidos em sacos plásticos para que um dia fossem usados novamente.
as xícaras de chá e os livros espalhados sem intenção, mas cenicamente pelo chão.
a promessa de ler as dez últimas páginas daquele romance morno ainda inacabado, as listas de coisas por fazer, passaporte, renovar a carteira de motorista, entregar os filmes na locadora, pesquisar vida e obra daquele escritor que dançou com a sua alma e pagar o telefone atrasado.
tudo contribuía para a vontade de não continuar e desistir de tudo, mas ainda restava uma esperança, um telefonema, um texto publicado e muito elogiado, a resposta daquela editora querendo publicar finalmente o seu primeiro romance ou a grana daquele freela que já havia feito há alguns meses.
não tinha nada, apenas delírios do seu alter ego com influencias evidentes e inegáveis de arturo bandini.
o telefone tocou, sua alma se encheu de esperança, mas ela durou menos que trinta segundos com a confirmação de que era um engano.
toda aquela situação só fez a vontade de escrever aumentar ainda mais.
daquela tarde arrastada e dos quilômetros andados naquele apartamento antigo de noventa metros quadrados, no centro de uma grande metrópole, só sobrou uma certeza:
a arte suporta tudo, inclusive o tédio.

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