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segunda-feira, 20 de junho de 2011


fica comigo esta noite.

sábado pesado, dia de trabalho árduo, dia em que minha paciência, delicadeza e meus nervos foram testados e dissecados até o último músculo.
parei o carro em frente ao meu prédio, desci, e no meio da escadaria enxerguei um movimento, um corpo se mexendo e segurando duas garrafas.
a minha visão foi melhorando conforme eu me aproximava, e pude perceber que aquele corpo era masculino e as garrafas eram de cerveja, para a minha sorte.
de repente escuto o meu nome, dito de um jeito manhoso e carinhoso.
era o meu amigo, um dos melhores, daquela lista que classifico, bons amigos , más companhias.
ele estava sentado no terceiro degrau contando de cima para baixo.
ele deu um sorriso sem graça ,nos abraçamos muito forte, aquele abraço que não quer mais soltar, aquele abraço de pedido de ajuda, aquele abraço de fica comigo esta noite.
parei ali mesmo, acendi um cigarro e fiquei olhando para ele, forte, bonito e sempre muito falante, mas aquele dia ele resolveu se calar para ouvir.
quando dei por mim estava sentada na escadaria , com um cara inexplicavelmente sensivel, agarrado as minhas pernas como se fossem a última esperança, a luz no fim do túnel.
logo eu , que sempre fomentei, pedi e implorei por colo, naquele momento eu estava dando colo tentando aguentar peso do meu próprio corpo equilibrado ao peso do dele.
- você tinha razão! dizia ele.
- razão de que mesmo? perguntei.
- o amor, essa merda de amor.
ah, aí eu já começava a entender o que fez ele atravessar a cidade para me ver.
aquilo tudo era assustador, porque aquela fala era minha, e nunca dele.
ele sempre foi do tipo que nunca se apaixonou, nunca se apegou a ninguém.
me lembro de recorrer a ele em última estância, num término de relacionamento, quando eu já estava pronta para ouvir a verdade.
sim, porque se eu quisesse ouvir mentiras sinceras, procuraria por qualquer pessoa, menos por ele.
depois de tanto tempo, tantas verdades e muitos quarteiroes de reflexão, ele se apaixonou.
se apaixonou por alguém que certamente não retribuiu, não se apaixonou.
fiquei ali parada, ouvindo as falas que já foram minhas um dia, e que eu agora cederia para ele viver isso que chamamos de amor.
ele chorava e me abraçava, e eu tentava consolar o meu amigo desiludido.
pensei que eu já estive nos dois lados, do rejeitado , e do amado, lugares comuns para qualquer ser humano que esteja afim de viver de verdade, e não viver na inércia da zona de conforto.
pensei em tantas coisas e cheguei a conclusão, que não amamos a pessoa, amamos o amor que ela tem por nós.
e que a pior decepçao é pensar em que ponto do relacionamento deixamos de acreditar naquela historia.
pensei em muitas coisas enquanto carregava aquele aquele coração dilacerado no colo.
minha única vontade era de acalmar aquele coração que nunca entendeu as dores de um coração partido.
ficamos ali a noite toda, acho que consegui arrancar algumas risadas dele. a lua estava linda, lua para os corações apaixonados, corações dilacerados e para os corações cansados como o meu.

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